Daiwa do Brasil fecha em Uberlândia

Daiwa do Brasil fecha em Uberlândia
Fábrica têxtil atua há 43 anos no país e tinha cerca de 300 empregados

A empresa Daiwa do Brasil Têxtil confirmou a fechamente de sua sede no Distrito Industrial, em Uberlândia. A fábrica atua há 43 anos no Brasil e tinha cerca de 300 funcionários. O escritório administrativo, situado em São Paulo (SP), também encerrou as atividades no país nesta semana.

Futebol

De 1975 a 1997, o time de futebol da Daiwa, o Estrela Dalva Esporte Clube teve grande destaque no futebol amador de Uberlândia. Foram seis títulos do Campeonato Amador, além da conquista do Campeonato Centenário, em 1988, disputado na cidade.

Fiemg lamenta fechamento de fábrica

Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Regional Vale do Paranaíba, Everton Magalhães Siqueira, a notícia é ruim e tira o ânimo do empresariado local. “Uma empresa internacional indo embora no nosso País pode fechar as portas para outras multinacionais que teriam interesse em iniciar negócios aqui. São notícias ruins, famílias que perdem renda”, disse Magalhães.

Ainda de acordo com ele, a crise econômica atual deixa os empresários de mãos atadas. “Precisamos de melhorias políticas, fiscais e tributárias. O Governo precisa voltar a investir capital para que os negócios voltem a fluir e girar”, disse Magalhães. Porém, ele ainda afirmou que uma pesquisa realizada em Minas Gerais e divulgada pela Fiemg nesta semana, mostra, que, nos últimos dois meses, a confiança do empresário mineiro aumentou 30%. “Mostra que não estamos parados e buscando soluções para melhorar nossos negócios”, disse.

Prejuízos

Ex-gerente da Daiwa, Eustáquio Nunes Lopes, entrou na empresa no ano de inauguração, em 1975, e saiu em 2005. De acordo com ele, há dez anos, a empresa já acumulava prejuízo fiscal. “O problema era a operação muito cara e o preço alto do algodão. A empresa vendia toda o material produzido, mas o custo operacional era maior”, disse Lopes.

Sobre a vinda da empresa para Uberlândia, Lopes disse que aconteceu graças a Rondon Pacheco. “O local não era estratégico para a empresa, já que o Sul do País sempre foi o maior consumidor dos fios de algodão produzido pela empresa. Os grandes esforços de Rondon Pacheco que atraíram os investidores japoneses”, afirmou Lopes.

Ele ainda disse que, até a implantação do Plano Real, em 1994, 60% da produção era exportada. “A partir de então, com nossa moeda mais valorizada, toda a produção, até os dias de hoje, passou a ver vendida internamente”, afirmou Lopes.

Ainda segundo ele, a concorrência com empresas internacionais do mesmo ramo também atrapalhou. “No Brasil temos impostos muito altos e fica difícil competir com empresas como da China, onde a produção é mais barata”, afirmou Lopes.

Grandes empresas fechadas

Em junho deste ano, duas empresas fecharam as portas e mais de 140 postos de emprego foram fechados em Uberlândia. No primeiro caso, após o fim do incentivo fiscal que era oferecido pelo Governo de Minas Gerais, a empresa de processamento de alimentos BRF transferiu as operações de fabricação de margarina na cidade para o Paraná. No total, 44 vagas de trabalho foram fechadas. A segunda grande empresa a fechar na cidade foi a União Atacado, que iniciou as atividades há 50 anos, em Uberlândia, Cerca de 100 funcionários da área comercial foram demitidos.

Leia a nota emitida pela assessoria de imprensa da Daiwa do Brasil Têxtil Ltda na íntegra:

“A Daiwa do Brasil Têxtil Ltda. confirma o fechamento de sua fábrica no Brasil, localizada no Distrito Industrial de Uberlândia (MG), e também do escritório administrativo, situado na cidade de São Paulo, encerrando assim suas atividades no País. Durante os 43 anos de operações em Uberlândia, a empresa contribuiu para a geração de empregos na cidade e para o desenvolvimento da indústria têxtil brasileira.

A estagnação da economia brasileira, em conjunto com a rápida flutuação do valor do algodão cru e a queda nos preços no mercado, que há anos afetam o setor, motivou a decisão, não obstante os esforços da empresa para retomar os negócios, por meio de investimento em sua unidade fabril e da implementação de novas estratégias de vendas.

A companhia destaca que todos os direitos trabalhistas dos empregados afetados serão devidamente respeitados de acordo com a legislação brasileira.”

Fonte – BVMI – Licio Melo – Vinícius Lemos – Vinícius Romário – Correio de Uberlândia – G1