Grupo Bertin afunda com R$ 10 bi em cobranças

Grupo Bertin afunda com R$ 10 bi em cobranças
Situação financeira do grupo vem se deteriorando ao longo dos anos e grupo de credores vai desde o governo até ex-sócios

A família Bertin já foi amiga do poder e dos principais políticos de Brasília. Já foi o maior frigorífico do país. Já teve bilhões do BNDES. Já foi sócia relevante na maior empresa de proteína animal do mundo. Já tentou ser o maior grupo de energia. Os principais caciques do PMDB já chegaram a interceder em seu nome. Assim como caciques do PT, como Antonio Palocci. Mas, desde que o frigorífico quebrou e teve de se unir ao JBS, a situação foi se deteriorando.

No ano passado, a Polícia Federal bateu à porta dos Bertin por causa da sociedade com José Carlos Bumlai e por terem permitido que sua empresa fosse usada no controverso empréstimo do banco Schahin ao empresário Ronan Pinto, de Santo André, que supostamente envolveria o alto escalação do PT na morte do então prefeito da cidade, Celso Daniel.

A família aparece em delações que os liga a figuras emblemáticas, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, apontado como seu operador. Mas os Bertin preferem o silêncio em relação a todos esses assuntos.

Há dois anos, os Bertin concordaram em deixar a JBS em um acordo firmado com a família Batista, em termos nunca divulgados. Mas a situação financeira do grupo vem piorando. As cobranças já ultrapassam os R$ 10 bilhões. São dívidas de todos os tipos e que envolvem todas as empresas do grupo. Vão desde os negócios de energia até usinas de açúcar e álcool. Só para o Ministério de Minas e Energia estima-se que a empresa deva cerca de R$ 4 bilhões por não ter entregue a energia das dezenas de usinas termoelétricas que se comprometeu a construir. Chegou a conseguir incluir uma emenda em Medida Provisória que a perdoava da dívida, mas não teve sucesso.

Deve ainda outros R$ 500 milhões ao BNDES, pelo aval dado para garantir o empréstimo da usina São Fernando, de Bumlai. Na Justiça paulista, é cobrada por bancos, ex-sócios e pequenos fornecedores no total de R$ 1,8 bilhão. Além disso, deve R$ 4 bilhões ao fisco em função do ganho de capital na fusão com o JBS. A empresa perdeu na instância administrativa e teve seu patrimônio bloqueado.

Procuradoria quer fim da fusão entre JBS e Bertin

Depois de sete anos, a fusão bilionária entre os frigoríficos Bertin e JBS está em xeque. Além da operação Bullish, deflagrada na sexta-feira pela Polícia Federal e que contesta o apoio do BNDES às duas empresas para a operação, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) está pedindo que a Justiça cancele o negócio, alegando fraudes fiscais e societárias. A procuradoria entende que não houve uma fusão, como foi anunciado, mas sim uma operação efetiva de compra e venda.

O problema central apontado foi o uso de um fundo de investimentos em participações (FIP) na estrutura do negócio, o que colocou um terceiro sócio na operação, a Blessed Holdings LLC, com sede no Estado americano de Delaware. Esta empresa entrou como cotista do fundo, então intitulado Bertin FIP. Por conta da suposta fraude, já foi pedido o bloqueio de R$ 4 bilhões em bens do grupo Bertin.

A forma como a operação foi montada e a transferência de cotas entre o Bertin e a Blessed despertou suspeitas no Citibank, que era o administrador do fundo. Recentemente, em um julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o banco disse ter sido o primeiro a avisar as autoridades de que havia indícios de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal na operação de fusão.

A Blessed teve seus bens bloqueados na sexta-feira, com a operação Bullish, além das empresas do grupo J&F, holding que controla a JBS, e a família Batista. A Blessed – que ainda é cotista do fundo, hoje chamado Pinheiros – tem como acionistas duas seguradoras, uma com sede em Porto Rico e outra nas Ilhas Cayman, que possuem idêntica apresentação e sócios. Esse tipo de estrutura, segundo alegou o Citibank, é normalmente usada para esconder o sócio final.

Fonte – BVMI – Licio Melo – Josette Goulart/OESP

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