Nestlé investe R$ 200 milhões em fábrica de Montes Claros

Nestlé investe R$ 200 milhões em fábrica de Montes Claros
Valor é para duplicar a capacidade de produção de cápsulas multibebidas

A Nestlé confirmou investimento de R$ 200 milhões em sua unidade Nescafé Dolce Gusto, em Montes Claros (MG), para duplicar a capacidade de produção de cápsulas multibebidas, como as de café, café com leite, cappuccino e chá.

A empresa está instalando duas novas linhas de produção que entram em operação a partir de abril e maio, respectivamente. Com o aporte, a capacidade de produção da unidade chegará a 800 milhões de cápsulas por ano.

Para levantar a fábrica, que entrou em operação em 2016, a multinacional suíça tinha investido R$ 220 milhões.

De acordo com Pedro Feliu, diretor de Cafés da Nestlé, a ampliação já estava prevista no projeto inicial da empresa e foi mantida apesar da crise econômica no país. “Independentemente da crise, o Brasil é um mercado relevante para a Nestlé e há espaço para crescer com novos consumidores no segmento de cápsulas”, diz. “É uma categoria nova no Brasil, que vem crescendo desde seu lançamento.”

Pedro Feliu é o diretor de Cafés da Nestlé.
Pedro Feliu é o diretor de Cafés da Nestlé.

E novas ampliações da fábrica, no médio prazo, estão nos planos da Nestlé, segundo Feliu. “Há espaço para mais quatro linhas de produção.”

Além do crescimento no mercado doméstico ter se mantido firme, há um ano a Nestlé passou a exportar cápsulas produzidas na unidade para países do Mercosul. Agora, buscará vender a novos mercados, como México e Chile.

A unidade da Nescafé Dolce Gusto em Montes Claros é a primeira da Nestlé fora da Europa. Há outras três: uma na Alemanha, outra na Espanha e uma no Reino Unido. Antes de a fábrica brasileira começar a operar, as cápsulas Dolce Gusto consumidas aqui eram importadas dessas unidades. Agora, apenas parte vem de fora.

Investimentos como o da Nestlé são um forte sinal de que o segmento — que já movimenta mais de R$ 2 bilhões por ano – tem espaço relevante para crescer no país, ainda que num ritmo menos acelerado. E a Nestlé, que inventou a categoria com o Nespresso, não está sozinha nessa avaliação.

A 3corações, joint venture entre a São Miguel Holding e a israelense Strauss, está instalando uma nova linha de produção em sua unidade também localizada em Montes Claros, que vai duplicar a capacidade de produção de cápsulas a partir de junho. Com isso, a empresa poderá produzir 20 milhões de cápsulas por mês. Originalmente a duplicação estava planejada para até 2021.

“Esperávamos um crescimento de 10% nos volumes de cápsulas comercializadas em 2017, mas crescemos 34%”, afirma Pedro Lima, presidente do grupo 3corações. A empresa comercializa o sistema TRES, de máquinas para cápsulas de café e multibebidas, e registrou um aumento também acima do esperado nas vendas do equipamento. Foram vendidas 280 mil máquinas em 2017, ante uma previsão inicial de 200 mil.

Com o incremento além do previsto nas vendas de cápsulas, a 3corações atendeu a demanda a partir da unidade de Montes Claros, mas também comercializou produto encapsulado na Itália.

Outra grande do café, a multinacional Jacobs Douwe Egberts (JDE), também vislumbra continuidade do crescimento. A empresa trouxe ao país as cápsulas com a marca L’OR em 2013 e em 2015 lançou o café Pilão em cápsulas, ambas compatíveis com a máquina Nespresso.

Hoje, segundo Guilherme Maciel, gerente de categoria da JDE, com as duas marcas, a empresa é líder no segmento de cápsulas compatíveis com Nespresso, com 80% desse mercado. Para ele, o consumidor vê a cápsula como um produto premium e, após o “boom” inicial, ainda há espaço para crescer, com aumento na distribuição.

De fato, 12 anos depois da chegada das primeiras cápsulas de café ao mercado brasileiro, o interesse das grandes empresas do setor pela categoria não deixa dúvidas de que veem espaço para crescimento de um produto com valor agregado muito superior ao do café torrado e moído.

E torrefadores e produtores de café, como Orfeu, Octávio, Santa Mônica, Native, e tantas outras pequenas, que investiram no segmento, também querem uma parte desse filão.

Nathan Herszkowicz, diretor- executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), estima que existam hoje em torno de 100 marcas de cafés em cápsula no país, considerando as que usam seus próprios sistemas para fazer o café e as compatíveis com as máquinas da Nespresso.

“O volume de cafés em cápsula perto do total ainda é muito pequeno, mas o valor agregado é alto”, observa o dirigente, acrescentando que vê potencial de crescimento de consumo de cápsula ainda que em ritmo mais lento – o avanço chegou a 50% no início da década e caiu a 15% em 2016. “Continua crescendo muito mais do que torrado e moído”, diz.

Estudo da Euromonitor mostra que no ano passado o volume de cafés em cápsula somou o equivalente a 10 mil toneladas ante 9 mil toneladas em 2016. A quantidade corresponde a apenas 0,9% do total 1,070 milhão de toneladas de café comercializadas no país.

Mas os volumes vendidos devem crescer muito mais que os de café torrado e moído até 2021, estima a consultoria. Para as cápsulas, a previsão é de uma taxa composta de crescimento anual de 9% entre 2017 e 2021. Já para o café em pó, é de 3,3% no período.

Herszkowicz, que considera que as cápsulas estimularam o interesse do consumidor por cafés de qualidade, destaca o valor agregado do produto. Enquanto o quilo do café torrado e moído a vácuo tradicional custa cerca de R$ 25, um quilo de café em cápsula alcança mais de R$ 270.

Outro fator que reforça a expectativa de que a categoria continuará a crescer é que hoje só 3% das residências do país, de um total de 60 milhões, têm máquinas de café, diz Lima, da 3corações. Para ele, as cápsulas são vistas como “indulgência” pelo consumidor. “É um mercado que continuará a crescer. Com a economia melhorando, o consumo tende a aumentar.”

No ranking do segmento em volume, a Dolce Gusto é líder no Brasil, seguida por Nespresso e 3corações, de acordo com estimativas do setor.

Fonte – BVMI – Alda A. Rocha /Valor

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