Piaggio se instala no Brasil e confirma fábrica

Piaggio se instala no Brasil e confirma fábrica
Empresa começa trazendo scooters prontos e passará a montá-los em 2018
Operação começa no 2º semestre com a representante Asset Beclley

Por intermédio do grupo investidor Asset Beclly, a italiana Piaggio se instalou no Brasil. A empresa começa importando quatro scooters da marca Vespa e terá fábrica própria em Manaus em 2018. “A capacidade instalada inicial será para 35 mil unidades”, afirma o presidente da Piaggio do Brasil, Longino Morawski.

“A produção local poderá usar componentes vindos da China, da Índia e de qualquer uma das sete fábricas da Piaggio pelo mundo”, afirma o executivo. Os primeiros modelos nacionalizados terão motor de 150 cc. A previsão inicial era começar a fabricar em Manaus em 2017, mas, por prudência, a companhia esticou o prazo para o ano seguinte, “mais provavelmente no primeiro semestre”, diz o executivo.

Também por cautela, a italiana Piaggio preferiu deixar para o grupo investidor o risco da operação: “Eles sabem que o mercado brasileiro é complicado”, afirma o vice-presidente da Asset Beclly, Giuseppe de Paula, sem revelar o volume investido no Brasil para a venda e produção local dos modelos.

Presidente da Piaggio do Brasil, Longino Morawski.
Presidente da Piaggio do Brasil, Longino Morawski.

Neste primeiro momento as simpáticas Vespinhas virão todas da Itália. Os primeiros modelos a chegar serão Primavera 125 e 150, Sprint 125 e 150, GTS 300 e 946 Emporio Armani, de 150 cc. A Piaggio preparou para o Brasil uma série comemorativa de mil unidades do Primavera 150. Elas recebem uma plaqueta com a bandeira do Brasil estilizada e o número da série (de 0001 a 1000). A pré-venda começa no dia 10 de outubro pelo site www.vespabrasil.com.br. As vendas para valer dos quatro modelos se iniciam no dia 22 nos shoppings JK Iguatemi e Iguatemi Campinas.

A previsão da companhia é abrir 8 pontos até o fim deste ano e outros 12 em 2017. Até o fim de 2018 serão 40 ao todo. A expectativa de vender 2 mil Vespas ainda este ano, 12 mil no ano que vem e 35 mil produtos do Grupo Piaggio em 2018 parece exagerada. Uma conta rápida mostra que cada ponto aberto em 2016 terá de repassar 250 unidades em menos de três meses.

Em longo prazo, a Piaggio quer alcançar 10% do mercado brasileiro de duas rodas. A Yamaha, vice-líder, tem menos de 11% apesar de produzir localmente há 42 anos. No entanto, a estimativa empresa italiana se baseia no fato de que a participação dos scooters vem aumentando a cada ano, ao mesmo tempo em que encolhe a fatia de motos urbanas. Uma projeção de mercado exibida pela companhia demonstra que até o fim de 2020 a venda de scooters poderá superar a de motos urbanas de baixa cilindrada.

POSICIONAMENTO DE MERCADO

Pela origem italiana e também por conta do pagamento integral do imposto de importação, os produtos chegarão com preços elevados. “Não é uma operação rentável”, admite Morawski”. A Piaggio não revelou os valores a ser praticados e deixou claro o posicionamento premium que a marca terá.

Em vez de concessionárias, adotou o conceito de butiques, que ficarão dentro ou fora de shopping centers. Essas lojas reunirão estilos atual e retrô. Terão wi-fi e pontos de recarga de celulares para atrair os mais jovens.

Além de scooters, terão de vender muitas roupas, capacetes e acessórios para se manter abertas. Cada butique Vespa custará entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões. O grupo abrirá uma loja-modelo na zona sul da cidade de São Paulo, na região da Avenida Luís Carlos Berrini.

A Asset Bleclly Investments Management opera basicamente em Dubai e no Brasil explorando o potencial de empresas italianas que atuam em regra nos setores de tecnologia e serviços. Esse grupo investidor contratou Longino Morawski por sua experiência na área de duas rodas.

Ele comandou a operação da Harley-Davidson no País durante cinco anos. Assumiu em 2011, logo após a marca americana ter saído das mãos do Grupo Izzo. O executivo e outros 44 profissionais contratados pela Asset Beclly estão em um escritório na zona sul da capital paulista.

Fonte – BVMI – Licio Melo – MÁRIO CURCIO/AB